sábado, 22 de maio de 2010

Um episódio meu


Contava ja a terceira vez que o cu cu cantava depois do meio dia, quando decidi sair do meu espaço direcção ao trabalho.
Aquele caminho, que tantas vez fiz e sempre sozinho, porem, hoje ao acordar sentia que algo seria diferente naquele caminho... Seria o sol, ou apenas o vento? Sera que hoje o senhor que gentilmente arruma os carros naquela rua nao me iria cravar um cigarro, ou sera que era desta que um buraco negro se iria abrir por baixo dos meus pes? Não faço ideia o que seria, mas defacto algo novo iria acontecer.

Passo finalmente aquela curva e, bem sem saber porque, tento num espécie de momento de sorte, chamar pela gata desaparecida Lilo, poderia eu ate ter mesmo a sorte do meu lado e ela aparecer do nada... "Lilo, Lilo... Lilo onde andas?" Bem tentei, mas como de costume nada surguiu... Ainda faltava pelo menos um quarto de hora para a hora bater quatro quando reparo que todos os dias passei em frente a um infantario e nunca me tinha apercebido.
Chamemos lhe saudades da minha irma, ou do instinto protector da minha mae, na verdade tive de olhar para as crianças, e uma delas reparou em mim e veio a meu encontro... A imagem é bastante simples, eu uma grade e uma criança com pouco mais de 5 primaveras contadas. Ela consegue esboçar um sorriso ao mesmo tempo que me mostra o chapeu, seria novo, ou teria ela o perdido e reencontrado e estaria feliz por o ter encontrado? Sei la, so sei que chegara o momento que eu sentia em mim... Ha um segundo, em que a consciência para. Um velho aproxima-se com a velocidade que as pernas o permitem e eu e a criança olha mos para ele... Logo apos ele olhou para a criança e tudo isto na minha cabeça num espaço de um segundo:

Acriança pergunta ao velho "Conta me o passado" ao que o velho reponde "Conta me o futuro" e por mais estranho pareça os dois olham para mim ao mesmo tempo ao que eu repondo em voz em vez de pensamento

"So poderei contar o presente, e nao queiram saber como ele esta"

terça-feira, 4 de maio de 2010

A primeira e última carta

Sentava-se sempre na mesma mesa, a mesma hora naquele velho café. O pedido era variado, ou um café, ou um copo de água, ou nos dias em que ele parecia mais bem disposto, uma cerveja ou um martini.
Acompanhava-lhe sempre aquela guitarra que nunca saiu do saco, mas pelo estado do mesmo, deveria ser velha com muitas cantigas choradas. Sempre com um bloco e uma caneta, ele escrevia ou desenhava, assim passava ele horas naquela mesa. Eu apreciava-o, mas sinto que ele nunca se apercebeu, porém assisti um dia a uma situação que me deixou curioso. Uma rapariga, da mesma idade, sentou-se ao lado dele e observou-o atentamente. Ele murmurou algo, ela meteu a mão a cara e depois de chorar, escreveu algo num papel dela. Ele friamente não olhou para ela e não respondeu as lágrimas. Ela levantou-se e saiu dali a correr. Demorou uns segundos ate ele ter coragem em ler o papel dela.
Eu não consegui tirar os olhos daquele episódio surreal. É então que acontece o que nunca imaginaria ver a acontecer: Ele começa a chorar, e logo após de uns minutos, tirou a guitarra e tocou a mais bela musica, de amor, de tristeza, de lágrimas jorradas.
Tudo se petrificou a olhar aquele episódio, algo que ninguém estava a espera de ver e ouvir. Depois de um instante, sai do café e deixa a carta ao abandono.
Eu esperei, mas ele não voltou e a curiosidade era muita e então li a carta deixada.

Dizia:

" Vivi nas sombras durante uma eternidade, onde não via a luz, onde não tinha sonhos, onde se eu dormisse, pois era impossível, eu tinha pesadelos de momentos que nunca vivi.
Passei pelo inferno e la me instalei, procurei encontrar caminhos, no entanto parava sempre no mesmo canto. É então que no meio da turbulência surgiu o teu olhar, o teu rosto, que tornou dia o que pensava a acreditava ser noite. O teu abraço, encheu de calor o corpo que há muito ja era frio, onde há muito já era Inverno. Sentir o teu corpo fez com que eu te deseja-se cada vez mais, e sentir-me desejada era um vicio. Possuis te me naquele local, naquele fim de tudo, onde fui feliz só dessa vez, no entanto procurei-te na noite seguinte, no dia seguinte, na semana seguinte e nunca mais, nunca mais surgis te, e as trevas tomavam conta do caminho que crias te.
No desespero, corri, fugi daquele lugar, para ti e quando consegui sair, estava num local vazio, branco, sem nada, sem som, sem luz e a sombra que eu tinha e que me sempre acompanhou, desapareceu e ai percebi que me abandonas te.
Corri, sem destino e vi-te, sentado no mesmo sitio de sempre e perguntei-te "O que sou para ti?" e tu respondes-te:"

E o texto aqui tinha outra cor, notou-se que foi escrito no momento, a resposta dele a pergunta que ela fez a ele naquela tarde.

A resposta foi:

"Eu não te conheço, desaparece da minha vista e não voltes."