"Não esperes por mim, poderei não voltar... Adeus Isabel."
Ela não queria acreditar no que acabara de ler. Não foi capaz de voltar a ler e ainda antes da segunda brisa da manhã, ela sai do quarto e procura-o, necessita de o voltar a ver, necessita do último abraço.
Ela sabia onde ele se encontraria, no cais, local onde todos os marinheiros arriscavam a sua vida partindo para esse mar que nem sempre os devolvia as suas mulheres, aos seus filhos e familia. Ela procurou assim que chegou ao cais por ele, procurou e procurou e quase desesperou até que alguém lhe disse "Isabel, ele ainda não partiu, esta no cais-norte!" ao que ela nem pensou em agradecer só queria seguir, encontra-lo. Ao longe a nau já era suficientemente grande e assustadora, mas ao perto, mais assustava, porque ela não se incomodava com o choro das crianças, a imploração das mães e a coragem dos homens que viam os seus herdeiros partir e por causa do seu orgulho machista, nem uma lágrima foi visivel nos seus rostos. No meio deles esta ele, Orlando, que sem esperança que ela voltasse entra para o barco. Ela vê-o e corre, mas já seria tarde demais, aquela nau parte e ela não realizou seu desejo de o abraçar. A única coisa que lhe fica na memoria desse dia é uma nau no horizonte a partir.
Nessa noite, em sonhos ela viaja numa nau, procura por quem ela não conseguiu encontrar nesse dia, mas a sua nau entra numa tempestade, o mar não a queria encontrar o homem que sempre a amou. Ela luta, deseja-o demasiado para o deixar partir, mas as suas forças não lhe permitem continuar e ela cai no convés sem esperanças. Quando todas as suas forças a abandonam, uma luz, tão brilhante como naquela manhã onde ela tudo perdeu, mas ganhou aquela coragem de o querer abraçar. Com essa mesma força ela ergue-se e quer enfrentar a tempestade. Ela consegue atravessa-la e de novo o mar se acalma, no entanto ela da por si, num intenso mar, sem terra a vista, sem nenhum sinal e sem vida onde só existia ela e a sua nau. Ela mesmo assim decide, a longa viagem que terra de fazer para o encontrar e promete a si mesmo que voltaria a acordar quando a sua viagem terminasse.
Texto escrito para o blog Fábrica das Letras para o mês de Agosto
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