A rua estava sossegada e as pessoas ainda tomavam os seus cafés nas esplanadas da rua. O jovem dos jornais descansava um pouco a sua voz de tanto falar em mortes e na crise, quando ele sabia que a única coisa que as pessoas não queriam ler era sobre esses temas.
Percorreu a rua, passando por umas três ou até quatro capelas, mais umas tantas lojas e o dobro dos cafés até encontrar uma praça. No centro, um parque infantil onde os pais deixavam as suas crianças brincar as suas primaveras. Mas nem todas eram crianças: Sentada num baloiço estava uma rapariga, que (mais uma vez) só o chão admirava o seu rosto. Afonso aproxima-se do parque infantil e de fora do recinto gritou à rapariga: "É só uma dica: O baloiço só funciona se deres lanço!"
A rapariga reagiu a voz conhecida, limpou o que pareciam lágrimas e sorriu na direcção da voz. Era ela, Clara, que lhe respondeu : " Se houvesse quem me empurra-se..."
Afonso avançou para o interior do parque e sentou-se ao lado dela, "Não precisas que ninguém te empurre" disse ele "Basta te impulsionares com os pés para a frente e para trás, até ganhares a força e o equilíbrio necessário para te pores em movimento". Demonstrando-lhe aquele movimento, ela começou a balançar. Começou a sorrir enquanto se divertia, mas Afonso muito sério fixou o seu olhar no nada o que lhe intrigou e levantando-se do baloiço pondo-se na frente dele perguntou-lhe "O que se passa?"
Ele respondeu-lhe, "Tu não precisas que ninguém te empurre. Apenas precisas de alguém ao teu lado, a força e a coragem, és tu que a tens."
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